A hepatite infecciosa canina é provocada pelo adenovírus canino de tipo 1 (CAV-1). A doença tem sido observada raramente, nas últimas décadas, nos países onde estão estabelecidos programas de vacinação eficazes. No entanto, o agente causal ainda é prevalente nos países em desenvolvimento, nos quais apenas umas pequenas percentagens dos cães são vacinados, bem como nas populações de cães selvagens de todo o Mundo. Consecutivamente, a vacinação tem de continuar a ser realizada, a fim de prevenir a ocorrência de surtos desta doença devastadora.
O mesmo vírus também provoca encefalite em raposas e outros canídeos silvestres. Os cães com idade < 1 ano são mais frequentemente afetados. Este vírus resistente no ambiente, dissemina-se por contato direto e indireto, e entra no organismo por inalação e ingestão. Replica-se, inicialmente, a nível das tonsilas, sendo depois distribuído pela corrente sanguínea, ocorrendo infecção secundária e replicação a nível do fígado e dos rins. A taxa de mortalidade pode atingir 50% nos cães jovens. Os sinais clínicos incluem depressão, febre, vômito, diarreia e corrimento nasal e ocular. Os complexos imunes (associações de antígenos e anticorpos) podem afetar os rins e os olhos, conduzindo ao desenvolvimento de uma opacidade transitória da córnea (“olho azul”).
O adenovírus canino de tipo 2 (CAV-2) provoca, geralmente, infecção inaparente, ou discreta a moderada, do trato respiratório, embora tenham sido observados casos de pneumonia grave, conduzindo à morte, em cães não submetidos a tratamento. O vírus é um dos agentes do complexo de doenças respiratórias canina (ou “tosse dos canis”). Este complexo envolve, também, a infeção pelo vírus parainfluenza canino tipo 2, Bordetella bronchiseptia e outras bactérias (ex. espécies de Streptococcus e Mycoplasma). Existem, adicionalmente, outros fatores ambientais, como a ventilação, humidade, poeiras, falta de condições de higiene e, especialmente, o stress, que são importantes no desenvolvimento deste complexo de doença.
As doenças caninas mais importantes, relativamente à morbidade potencial (gravidade dos sinais clínicos) e mortalidade incluem três doenças “essenciais”: (1) cinomose canina, causada pelo vírus da cinomose canina (CDV), (2) parvovirose canina, causada pelo parvovírus canino de tipo 2 (CPV-2) e (3) HEPATITE INFECIOSA CANINA, causada pelo adenovírus canino de tipo 1 (CAV-1).
A vacina utilizada para prevenir a hepatite infecciosa canina contém adenovírus canino de tipo 2 (CAV-2). Para além destas três doenças essenciais, que são encontradas em todo o Mundo, os cães de muitos, embora não de todos os países, também devem ser vacinados contra a raiva, com o objetivo de prevenir a infeção, não só no cão, mas também nos seres humanos e noutras espécies de animais, domésticos e silvestres. As vacinas que protegem contra estas quatro doenças devastadoras, são designadas vacinas essenciais.
A vacinação com vacinas essenciais caninas (cinomose, parvovirose e adenovirose) não deve ter início antes das 6 semanas de idade e, caso os cachorros permaneçam com o criador até às 8 – 10 semanas de idade ou mais tarde, recomenda-se geralmente que a vacinação tenha início às 8 – 9 semanas de idade, em vez de às 6 semanas. Deve ser efetuada uma revacinação 2 a 4 semanas depois e é administrada uma última vacina quando os cachorros têm 16 ou mais semanas de idade.
A capacidade para promover a imunização dos cachorros depende do título de anticorpos da progenitora e da quantidade de anticorpos maternais (MDA) que foram absorvidos através de células epiteliais especializadas do trato intestinal do cachorro, nas primeiras 24 horas de vida (ver as secções anteriores). Os anticorpos do leite, das classes IgA e IgG, continuarão a proporcionar proteção mucosa local a nível do trato gastrointestinal até o cachorro ser desmamado. Embora a imunidade passiva a nível do trato gastrointestinal seja importante contra agentes patogênicos entéricos, a proteção passiva (materna) mais importante contra as doenças consiste nos anticorpos de tipo IgG existentes no sangue do cachorro.
Por isso a titulação de anticorpos IgG nos pacientes filhotes antes do processo vacinal é útil, para avaliar a transferência de imunidade passiva. Bem como, ao final do protocolo vacinal, conferindo assim a capacidade de soro-conversão do paciente ao estímulo antigênico recebido na vacinal essencial.
A ECO Diagnóstica possui em sua Linha Veterinária o equipamento Vcheck, que além de vários outros exames de auxílio diagnóstico, dispõe dos testes de TITULAÇÃO DE ANTICORPOS individualizados para cada doença contida na vacina essencial. Possibilitando a avaliação isolada do título para cada doença. No caso de cães, é possível titular a IgG para Cinomose, Parvovirose e Adenovirose, e em gatos há disponibilidade de titulação para Calicivírus, Herpesvírus e o vírus da Panleucopenia.
Referência: M. J. Day, M. C. Horzinek, R. D. Schultz, R. A. Squires. WSAVA Vaccination Guidelines, 2015.